sábado, 6 de dezembro de 2008

Bandas Cover

Xandra Joplin

Os fãs brasileiros de Janis Joplin não podem dizer que aqui falta uma cover à altura: Xandra Joplin é mesmo sensacional. Seu timbre é parecidíssimo com o de Janis, mas o melhor mesmo é a interpretação incrível que ela faz das canções, deixando transparecer toda a emoção que sentimos ao ouvir a verdadeira Janis cantar. Ela já tocou no covernation, da MTV; no Jô Soares; até no Caldeirão do Huck... Enfim, dentro de um "mercado" como o de artistas cover, pode-se dizer que o trabalho que ela foi amplamente, e merecidamente, reconhecido. Infelizmente, assim como a 5to1, shows dela fora de São Paulo são raros, mas aí está o site para maiores informações: http://www.xandrajoplin.com/site/. 
Percebam a performance fantástica dela tocando Piece Of My Heart no Jô Soares:


sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Bandas Cover

5to1 - The Doors Cover Oficial

Uma banda que se proclama A banda cover do The Doors, e que tem uma agenda tão lotada de shows, certamente tem que ter qualidade. Eles demonstram imensa preocupação em transmitir, em seus shows, uma atmosfera o mais parecida possível com a que deveria ser aquela dos shows da lendária banda que homenageiam. Participaram, inclusive, de um antigo programa da MTV, em 2006, chamado Covernation, onde tocavam geralmente algumas das melhores bandas cover do país. Infelizmente, eles saíram poucas vezes de São Paulo, mas já chegaram a tocar em Minas Gerais (Alfenas,Varginha e Poços de Caldas), Goiânia e Mato Grosso do Sul (Dourados) e até fora do Brasil, no Paraguay (Pedro Juan Caballero). Muito mais informações no site www.thedoorscover.com.br/
Um vídeo deles tocando Love Me Two Times. Apesar de ser em estúdio, dá pra ter uma idéia de como é a energia nos shows:


Bandas Cover

Bandas cover são sempre uma excelente pedida para quem, como eu, não teve a chance de viver a contemporaneidade de seus ídolos da música. Especialmente quando os artistas homenageados datam de décadas mais antigas, se torna uma experiência ainda melhor assistir aos shows; se a banda for realmente boa, é quase (quase) como se pudéssemos voltar no tempo e presenciar de fato nossos imortais ídolos. Vou citar, neste post e nos próximos, algumas bandas cover de artistas dos anos 60 que nos presenteiam com a chance de assistir performaces sempre memoráveis: 

Beatles In Senna


A Beatles In Senna é uma velha conhecida dos soteropolitanos, que não deixa a desejar ao homenagear os fab four nos palcos de Salvador. Imperdível para quem é fã dos Beatles e uma excelente opção para quem não é. Eles, na verdade, fazem questão de afirmar que não são apenas uma banda cover dos Beatles, já que tocam, além das canções dos garotos de Liverpool, covers de Raul Seixas, outros covers e também músicas próprias. Vão, inclusive, lançar um disco no fim desse ano, com canções próprias e uma regravação dos Beatles. A banda é formada por Toinho Senna e Eduardo Cekaitis na linha de frente; Oyama Bittencourt na guitarra; Jerry Marlon no baixo; e Guimo Ligoya na bateria. Mais informações no site  http://www.facom.ufba.br/com024/beatles/a_banda.htm

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Paul Mcartney no Brasil em Breve?

Segundo notícia do Cifraclub, talvez (talvez!) o famigerado ex-beatle Paul Mccartney toque no Brasil de novo, e em breve! Se bem que, esse breve bem poderia ser entre aspas, já que a previsão, caso venha a acontecer mesmo o show, é para fim de 2009 e início de 2010. Por enquanto, a possibilidade não passa do talvez, mas a produtora em questão (a Planmusic) não brinca em serviço, já nos presenteou com a vinda de bandas como U2, Rolling Stones e Coldplay (que, por sinal, está tendo seu sucesso do momento, 'viva la vida', processado por plágio pelo guitarrista Joe Satriani). Enfim, só nos resta esperar - e torcer - para que este talvez vire realidade.
Enquanto isso, se contentem com Golden Slumbers pelo Youtube mesmo:



quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Shine a Light


Costumou-se dizer, na época de seu lançamento, que esse filme funciona mais como uma "celebração" do que como um documentário propriamente dito. Disse-se muito que a veia businessman Mick Jagger impediu Scorsese de enquadrar os Stones de qualquer maneira que ele não quisesse... Enfim, o fato é que o filme, apesar de catalogado como documantário, é na verdade um grande show (trechos de dois shows foram usados, na verdade) com uma eletrizante performance e um excelente setlist da "banda que nunca termina". Há também, intercalando as canções, imagens de bastidores do show, de entrevistas e de bastidores do próprio filme  - que demonstram uma certa neurose de scorsese em saber com exatidão que acorde vai ser tocado em que exato momento, a fim de deixar de prontidão seu mundo de câmeras ao redor do palco -, porém, o forte mesmo do filme é a energia dos sessentões ao vivo, e o modo como ensadecem a platéia, na qual costumam constar, no mínimo, três ou quatro gerações. Mas enfim, quer melhor maneira de documentar os Rolling Stones do que os mostrando em cima de um palco, tocando o bom e velho rock n' roll para uma platéia alvoroçada?
Um trecho com Jumping Jack Flash, para atiçar a vontade de assistir o filme:



domingo, 30 de novembro de 2008

Martin Scorcese, Rolling Stones e Bob Dylan

Martin Scorsese entre os Rolling Stones

Martin Scorsese (reconhecido diretor de cinema, em cuja filmografia figuram clássicos como Táxi Driver e Touro Indomável) nunca escondeu ser fã de artistas célebres do rock. É comum ouvirmos canções dos Rolling Stones, por exemplo, ambientando seus filmes como trilha sonora. Este post, na verdade, é uma dica para dois documentários imperdíveis que ele dirigiu recentemente, respectivamente sobre Bob Dylan e os Rolling Stones: "No Direction Home: Bob Dylan" e "Shine a Light".


Capa de "No Direction Home - Bob Dylan"


Não é exagero afirmar que assistir esse documentário pode ser suficiente para tornar fã alguém que nunca sequer ouviu falar de Bob Dylan. As quase três horas de duração do filme não se tornam monótonas de maneira alguma, e em momento algum; entrevistas,depoimentos, cenas de bastidores, de shows, de músicas, se intercalam de um modo tão envolvente que, mesmo após terminar o filme ainda deixa um gostinho de "quero-mais".
O filme não aborda a vida inteira de Dylan - seriam preciso 20 documentários para isso - mas cobre a que é, talvez, a melhor fase de sua vida e carreira: Sua chegada anônima à Nova York, em 1961, e sua "aposentadoria" de shows devido a um acidente de moto em 1966, já como um dos maiores astros da música da década de 1960.
Um dos aspectos mais interessantes que o filme aborda é o preconceito que Bob Dylan sofreu após sua revolucionária decisão de "eletrificar" sua música (até então tida como "folk"), revolucionando tanto o folk quanto o rock. A amostra abaixo é a sequência final do filme, mas a escolhi para mostrar aqui porque, além de ser uma das melhores versões de Like a Rolling Stone que já ouvi, evidencia justamente esse preconceito: percebam como alguém grita "Judas" pouco antes de ele começar a tocar; a comparação seria por ele ter "traído" o "movimento folk".



Continua no próximo post...

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Dica - O Circo dos Rolling Stones

Capa do DVD: The Rolling Stones Rock & Roll Circus

The Rolling Stones Rock and Roll Circus: O lançamento em DVD é uma dica infalível para você que adora - ou não conhece, e quer saber o porque de tanto auê - o bom e velho rock n' roll dos anos sessenta. O projeto nasceu de uma idéia de Mick Jagger de gravar algo diferente, que não seguisse aquele velho padrão de puros shows ao vivo - misturou-se então música e circo. Números circenses intercalaram as apresentações de diversos artistas convidados, antes da apresentação final dos Rolling Stones. Cercado de polêmicas sobre o seu lançamento ou não-lançamento, o evento foi gravado em 1968 para ser um especial de televisão; porém, acabou sendo lançado somente em 1996, em CD e Vìdeo. Na época, os Rolling Stones alegaram que, como tiveram que subir ao palco de manhã cedo, após uma madrugada inteira de problemas técnicos e atrasos entre as apresentaçoes, estavam tão cansados que sua performance foi abaixo do nível aceitável por eles. À esta altura, tanto o público quanto os Rolling Stones estavam de fato exaustos.
O time de artistas escalados para tocar incluía nomes como The Who, Jethro Tull (ainda desconhecidos), Taj Mahal, Marianne Faithfull.... Mas o mais interessante mesmo foi um grupo, formado especialmente para tocar neste circo, chamado The Dirty Mac. Esta banda, ou "superbanda", como costuma ser chamada, contava com Jonh Lenon nos vocais e guitarra; Eric Clapton na guitarra; Keith Richards, dos Rolling Stones, no baixo; e Mitch Mitchel (baterista de Jimi Hendrix) na bateria. Na época, John Lennon ainda estava nos Beatles, e esta fora, de fato, a sua primeira apresentação pública sem os Beatles até então. Tocaram a canção Yer Blues, de Lennon, que está presente no Álbum Branco dos Beatles, numa performance sensacional. Depois da música, fizeram uma "jam" com Yoko Ono e o violinista Irvy Gitlis - um ato que, ao menos para mim, fez lembrar que, apesar de tudo, se tratava de um circo. A "jam", na verdade, é um blues extendido com violino e esdrúxulos vocais de Yoko Ono; acabou sendo separada em uma faixa, chamada "Wholle Lotta Yoko".

The Dirty Mac toca Yer Blues, de John Lennon. Poupei os inocentes frequentadores deste blog da continuação com Yoko Ono, porém, para os curiosos mórbidos, não é difícil encontrar no Youtube.

Em 2004, foi lançada uma versão em DVD remasterizada, que possui alguns bons extras. É interessante notar também, nas gravações, que introduções das músicas apresentadas por Mick Jagger ou John Lennon - ou os dois - sugerem uma amizade entre os dois astros. Isso ajuda a desmistificar uma idéia que existe de que havia uma rivalidade, uma animosidade entre os Beatles e os Rolling Stones. Abaixo a lista completa de apresentações musicais do DVD oficial, que são, na verdade, intercaladas na edição por números circenses, e de introdução aos artistas por membros dos Rolling Stones - a não ser a introdução dos próprios Rolling Stones, feita por John Lennon:

  • Song For Jeffrey - Jethro Tull
  • A Quick one While He's Away - The Who
  • Ain't That a Lot Of Love - Taj Mahal
  • Something Better - Marianne Faithfull
  • Yer Blues - The Dirty Mac
  • Wholle Lotta Yoko - Yoko Ono e Ivry Gitlis com The Dirty Mac
  • Jumping Jack Flash - The Rolling Stones
  • Parachute Woman - The Rolling Stones
  • No Expectations - The Rolling Stones
  • You Can't Always Get What You Want - The Rolling Stones
  • Sympathy For The Devil - The Rolling Stones
  • Salt Of The Earth - The Rolling Stones

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Led Zeppelin em turnê em 2009?

Turnê do Led em 2009? Só com outro nome e sem Robert Plant

Após o seu fim, os integrantes da cultuadíssima Led Zeppelin só se juntaram usando esse nome raríssimas vezes. Uma dessas foi num polêmico show único realizado em Londres, no ano passado, no qual o limite de público foi 20,000 pessoas e era preciso ser sorteado para poder pagar quase 500 reais num ingresso - que, depois do sorteio, passou a valer até 4 mil reais. Na apresentação para poucos, o único integrante que diferia da formação clássica do grupo era o baterista Jason Bonham ,filho do baterista original John Bonham. Pois, o Led Zepellin vinha demonstrando interesse em realizar uma nova turnê em 2009, o que seria um verdadeiro deleite para seus fãs, espalhados pelo mundo inteiro. Porém,como o único que não parecia estar empolgado com essa turnê era justamente o vocalista Robert Plant, segundo notícia do Cifraclub, o Led decidiu usar outro nome e procurar outro vocalista a fim de cair mesmo na estrada; já houve ensaios do grupo com alguns vocalistas, inclusive Steven Tyler, do Aerosmith. 


Ingtegrantes do Led Zeppelin em 1969. Da esquerda para a direita: Robert plant, vocalista; Jimmy Page; guitarrista; John Bonham, baterista; John Paul Jones, baixista. 

Apesar do auge do Led Zeppelin ter sido a década de 70, eles surgiram justamente no contexto musical da década de 1960; seu primeiro disco foi lançado em 1969. A legião de fãs que cultua o grupo de forma exorbitante até hoje é impressionante, mas não é à toa. Eles foram um dos grupos pioneiros moldar o rock num estilo mais pesado, inovador, que viria a influenciar estilos como o heavy metal - foram eles, aliás, os primeiros a receber esse rótulo. Porém o som do Led Zeppelin, salvo algumas características do seus últimos discos,  não se parece em nada com estereótipo que se tem de Heavy Metal hoje em dia; eles nunca deixaram de lado suas raízes no blues e no rock clássico. Toda a sua discografia é sensacional,  e sua sonoridade foi se transformando com o passar do tempo, porém sem nunca deixar de manter certas características peculiares. Durante a década de 1970, milhões e milhões de cópias de discos eram vendidas, enquanto gigantescos e intermináveis shows do Led Zeppelin lotavam estádios inteiros e tinham ingressos rapidamente esgotados; a performance dos quatro homens no palco era mesmo arrebatadora, todos são músicos fenomenais.  Infelizmente, em 1980 o baterista John Bonham morreu asfixiado pelo própiro vômito após um coma alcoólico. Depois disso, os integrantes restantes afirmaram que seria impossível continuar com a banda; o Led Zeppelin acabou e cada um seguiu com sua carreira solo. Lançaram, entre 1969 e 1979, nove álbuns (excluindo coletâneas, discos ao vivo, relançamentos, etc.) :

  • 1969 - Led Zeppelin #6 RU, #10 EUA, Vendas nos EUA: 11,000,000
  • 1969 - Led Zeppelin II #1 RU, #1 EUA, Vendas nos EUA: 12,000,000
  • 1970 - Led Zeppelin III #1 RU, #1 EUA, Vendas nos EUA: 6,000,000
  • 1971 - Led Zeppelin IV (sem título: chamado também: "Four Symbols", "ZoSo") #1 RU, #2 USA, Vendas nos EUA: 22,000,000
  • 1973 - Houses of the Holy #1 RU, #1 EUA, Vendas nos EUA: 11,000,000
  • 1975 - Physical Graffiti #1 RU, #1 EUA, Vendas nos EUA: 15,000,000
  • 1976 - Presence #1 RU, #1 EUA, Vendas nos EUA: 3,000,000
  • 1976 - The Song Remains the Same live performances from 1973 tour) #1 RU, #2 EUA, Vendas nos EUA: 4,000,000
  • 1979 - In Through the Out Door #1 RU, #1 EUA, Vendas nos EUA: 6,000,000

  • Stairway To Heaven para fechar o post:

    Vìdeo do filme The Song Remais The Same

    quarta-feira, 19 de novembro de 2008

    Altamont Free Concert (Parte 2)

    A organização da segurança do Altamont Free Concert foi confusa e malfeita e, até hoje, gera muitas controvérsias sobre porque de fato os Hells Angels fizeram a segurança e como foram as negociações. A certeza é que eles, desse grupo de motoqueiros chamado Hells Angels (ou Anjos do Inferno) acabaram "cobrindo" a função de orientar e policiar. Diz-se que os Angels receberam um pagamento de 500 dólares em cerveja (eles gostavam de cerveja) pelo serviço prestado.

    Os Hells Angels, com suas jaquetas de couro e motos estacionadas, fazem a "segurança" do Altamont Free Concert

    Acontece que os Hells Angels são, em geral, seres brutos e truculentos, que batiam com tacos de sinuca naqueles que tentavam subir no palco... Enfim, o fato é que, culpa dos Hells Angels ou de quem quer que seja, a segurança foi muito malfeita. A confusão foi imensa; a impressão que se tem é de que não havia ordem ou controle algum sobre todas aquelas pessoas, e conforme o tempo foi passando, os próprios Angels iam ficando mais e mais bêbados e agitados, e a platéia, mais violenta. Percebam no vídeo do Jefferson Airplane do post anterior que acontece uma discussão, no palco mesmo, entre um membro da banda e um membro dos Angels. Isso porque um membro do Jefferson Airplane, Martin Bali, fora derrubado inconsciente por um membro dos Hells Angels. No vídeo, a vocalista diz (tradução livre): "É preciso de gente como os Angels para impedir as pessoas de agir dessa maneira (...) mas os próprios Angels... Não se bate em pessoas assim, por nada". Depois do incidente com Martin Balin, o Grateful Dead se recusou a tocar, e não tocou mesmo. Conforme o dia foi passando, as confusões só pioraram.
    Porém, como tudo que está ruim pode ficar muito pior, o incidente que marcaria aquela noite ainda iria acontecer, mais tarde, durante a apresentação dos Rolling Stones. Meredith Hunter, um jovem negro, portava uma pistola e, em um dos tumultos, foi esfaqueado até a morte por um membro dos Hells Angels chamado Alan Passaro. Após inúmeras polêmicas, Passaro foi inocentado alegando legítima defesa; os membros do Hells Angels, em sua defesa, alegam que Passaro apenas desferiu as facadas após Hunter ter sacado sua pistola em meio à tamanha multidão. Em 2005, inclusive, houve uma revisão do caso em que uma versão especial do filme que capturou a cena, mais detalhada e lenta, foi feita para a Polícia, que reconfirmou a versão dos Angels de que Hunter havia sim sacado a arma antes das facadas. Acredita-se que a suposta intenção de Hunter seria matar Mick Jagger.

    Em destaque Meredith Hunter, esfaqueado até a morte por um membro dos Hells Angels

    A repercussão dos incidentes do festival foi gigantesca. A revista Rolling Stone lançou, na época, uma edição falando praticamente apenas do festival e criticando de todas as formas os Rolling Stones e a precária organização do evento. Na reportagem consta uma entrevista com David Corsby, cujo trecho foi retirado deste site:
    "Diz Crosby: 'Acho que os Rolling Stones ainda estão em 1965. Eles não sabem que uma força para segurança não é mais uma necessidade. Não eram necessários os Hell's Angels. Não estou falando mal deles, até mesmo porque não é saudável, e afinal, eles apenas fizeram o que se espera deles. Os Stones não conhecem os Hell's Angels. Para eles, os Angels é um meio caminho entre Peter Fonda e Denis Hooper e isto não é a realidade... Não considero os Angels o principal erro. Apenas o mais óbvio. Considero o principal erro sendo pegar o que essencialmente seria uma festa e transformá-la em uma ego trip. (...) Tenho certeza que eles não entenderam o que eles fizeram no último sábado. Acredito que eles tem uma visão exagerada de sua importância. Acho que eles estão numa ego trip grotesca. Uma trip essencialmente negativa, principalmente seus dois líderes. Conversei várias vezes com o pessoal dos Stones. Eu os considero esnobes."

    O saldo do festival acabou sendo de -2 vidas, porque houve 4 mortes (além de Hunter, duas pessoas morreram atropeladas e uma morreu afogadas), porém houve também 2 nascimentos.
    Ah...fiquem com Sympathy for the Devil, Under My Thumb e interrupções (demora para carregar, mas vale a pena):


    terça-feira, 11 de novembro de 2008

    Altamont Free Concert (Parte 1)

    Ainda continuando os posts sobre festivais, vou falar agora sobre o que é talvez o mais infame festival da história da música: o Altamont Free Concert.


    Trailer do filme Gimme Shelter, documentário sobre o Altamont Free Concert

    No trailer acima, em determinado momento se reproduz a fala de um locutor de rádio: " Deixe-me repetir: O show gratuito dos Rolling Stones vai ser amanhã, na estrada de Altamont. Aparentemente, uma das coisas mais difíceis no mundo é se promover um show de graça".
    Em 1969, Depois de uma tour de muito sucesso pelos EUA, os Rolling Stones andavam sendo "acusados" de lucrar com tantos shows... Resolveram então anunciar que fechariam a turnê com um show gratuito, em São Francisco; um modo de agradecer o seu público tão fiel e adorável. Convidaram Santana, Jefferson Airplane, The Flying Burrito Brothers, Crosby, Stills, Nash and Young e The Grateful Dead para tocar no grande show - todos artistas top de linha, muito famosos à época - e, claro, eles próprios, os Rolling Stones, fechariam a noite como atração principal. 300.000 pessoas compareceram a esse festival que tinha tudo para dar certo e ser um sucesso, mas que infelizmente acabou em desastre. Toda a aura que circulava em torno do Rock, dos Hippies, dos adeptos da contracultura, caiu por terra nesse show, que acabou mostrando que os que seguiam tal rebeldia protestante (não a religião, pelo amor de Deus), que clamavam por paz, eram pessoas talvez não tão diferentes; que podiam ser tão agressivas e violentas quanto quaisquer outras. Os fatídicos acontecimentos do festival (calma, vou especificar quais foram mais adiante) ainda deram força ao antigo discurso de que a música Rock estava ligada ao vandalismo, à rebeldia sem causa, etc. Ao contrário do festival de Woodstock, cujo sucesso simbolizou o ápice de todos esses movimentos alternativos, o Altamont Free Concert entrou na lista dos infames acontecimentos que, no fim da década de 60, simbolizaram o declínio e a desmoralização da contracultura, do movimento hippie e do rock (na "lista" estão também casos como os assassinatos da seita de Charles Manson e seus seguidores, que, querendo ou não, abalaram a reputação dos Beatles; e a morte prematura de artistas-símbolo como Brian Jones, Jimi Hendix, Janis Joplin eJim Morrison). Mas enfim, voltando ao festival de Altamont, dê uma olhada num trecho da apresentação do Jefferson Airplane e perceba o caos e a desordem. Tiveram que interromper a apresentação devido a confusões violentas e tumultos:


    Continua no próximo post...


    segunda-feira, 27 de outubro de 2008

    Vídeos

    Ainda para ilustrar o festival de Woodstock, fiz uma pequena compilação de vídeos de alguns trechos de apresentações:

    Jimi Hendrix - Izabella

    Quando se fala em Woodstock, e imagem de Jimi Hendrix me vem quase automaticamente à cabeça. A banda de apoio que o tornou célebre, The Jimi Hendrix Experience, havia se desintegrado poucos meses antes da apresentação em Woodstock, e Jimi teve que corrigir quem o apresentou com o nome antigo e anunciar sua nova banda: Gypsy Sun And Rainbows. Essa música, Izabella, já era uma amostra do tipo de som mais funkeado que ele viria a produzir daí para frente.

    Apesar do sucesso geral, Woodstock enfrentou alguns sérios problemas que causaram muitos atrasos; o tempo oscilava mas estava ruim, e houve muita dificuldade logística mesmo. O atraso de Jimi Hendrix foi fenomenal: só começou a tocar na manhã da Segunda Feira (o festival começara na Sexta à tarde). A essa altura, o público, que havia chegado a quase meio milhão, era no máximo de 180,000* pessoas - e boa parte dessas tinha ficado apenas no intuito de ver Hendrix antes de ir embora.

    Jefferson Airplane - White Rabbit

    A Jefferson Airplane foi uma das bandas pioneiras do que viria a ser chamado de Rock Psicodélico. Não são muito conhecidos atualmente, mas na época eram bem famosos. Performance sensasional de White Rabbit.



    Janis Joplin - Ball and Chain

    Disse o Wikipedia que Woodstock não foi uma experiência muito agradável para a superstar Janis Joplin. Depois de esperar cerca de dez horas para tocar, ela tinha injetado heroína e bebido demais; quando finalmente subiu no palco, estava "mais pra lá do que pra cá" (lembrei do outro post sobre Santana). Enfim, de qualquer jeito, o desempenho dela não demonstrou se abalar muito, ao menos nessa versão de Ball and Chain ela está impecável. Pena que no Youtube não há muitos vídeos dela em Woodstock.



    The Who - Pinball Wizard

    O The Who, que fazia tremendo sucesso na época, começou a tocar às 4 da manhã e disparou um repertório de 25 canções. A grande maioria dessas canções fazia parte do lendário album conceitual Tommy, primeiro a receber o rótulo de "ópera-rock". Muito bom.


    Joe Cocker - With A Little Help From My Friends (Beatles Cover)

    Sempre citada entre as melhores performances de Woodstock, essa versão de Joe Cocker da canção With A Little Help From My Friends, dos Beatles, é realmente extraordinária. Pena que o próprio Joe Cocker não estava lá para apreciar.

    *Há controvérsias sobre esse número. Na página do Wikipedia em inglês, aparece 180,000; porém na página em português aparece 35,000. Acho 35,000 pouco demais (as imagens do show de Jimi Hendrix mostram um mar de gente gigantesco), porém mais crível do que 180,000, que também me parece demais para uma segunda de manhã depois de três dias de festival. Enfim... deve ser algo aí pelo meio, mas escrevi os 180,000 lá em cima porque o artigo em inglês é mais completo, portanto, teoricamente ao menos, mais confiável.

    quinta-feira, 23 de outubro de 2008

    Festival de Woodstock (1969)


    Cartaz promocional do festival, divulgado à época (para quem, como eu, não tinha entendido o que é "isso" em cima do braço da guitarra,saiba que não é uma cabeça de gato caolho torta e exótica, mas um pássaro). O grande slogan era: 3 Dias de paz e música.

    Continuando o posto anterior, vou falar um pouco sobre o festival de Woodstock. Há uma imensa aura mítica em torno do festival de Woodstock de 1969 que o transformou numa lenda. É, dentre todos os festivais de música que houve talvez em toda a história, o mais lembrado; o mais revisto; o mais comentado; o mais citado; o mais analisado; o mais importante; o mais influente... Enfim, Woodstock é "o mais" muitas e muitas vezes. Mas porque?
    O "Festival de Música e Artes de Woodstock" aconteceu num imenso terreno em Bethel, sul do vilarejo de Woodstock, no estado de Nova York. Durante três dias, de 15 a 18 de Agosto de 1969, centenas de milhares de jovens se reuniram para clamar por "paz e amor" e assistir a alguns dos mais célebres grupos e artistas musicais da época. O festival foi totalmente dominado pelas idéias do movimento Hippie; foi, na verdade, o auge do movivento Hippie. Woodstock só se tornou realidade devido ao empenho de quatro jovens: Michael Lang, John Roberts, Joel Rosenman, e Artie Kornfeld. Foram eles que idealizaram, organizaram e, com muito esforço e dificuldades, fizeram o festival acontecer. Haviam vendido cerca de 180.000 ingressos antecipadamente, portanto esperavam a presença de cerca de 200.000 pessoas; porém, a demanda acabou sendo muito maior do que eles esperavam. Depois, as cercas que delimitavam o local acabaram sendo propositalmente retiradas para a entrada das cerca de 500.000 pessoas que acabaram comparecerendo. Sim, a maioria sequer pagou ingresso, o que só serviu para aumentar ainda mais a idéia de "liberdade" do evento, onde drogas, sexo e mentes eram totalmente livres.


    Público de quase meio milhão de pessoas compareceu a Woodstock.

    Havia um senso de harmonia entre toda aquela gente ali, junta. As idéias de celebração, de diversão, de liberdade eram acopladas ao clamor por paz, por fim das guerras e do racismo. Os EUA, na época, eram envolvidos em conflitos militares no exterior; e, no interior, enfrentavam sérias desavenças raciais, portanto o festival de Woodstock foi, também, um movimento social. Impressionante como, num evento onde tantas pessoas se reuniram sem nenhuma ordem aparente, sem aparato de segurança suficente para tanta gente, houve pouquíssimos incidentes graves ou violência. Imaginem quantas possibilidades de desastres havia num quadro como esse, porém há registro de duas mortes - uma por overdose de heroína e outra por um saco de dormir ocupado que foi acidentalmente pisoteado. Apesar desses tristes episódios, a verdade é que a paz, de fato, reinou. Esse clamor por paz não foi apenas falação, não foi apenas propaganda, não foi da boca para fora; a paz aconteceu ali. Tantas pessoas, ali reunidas, não estavam apenas de brincadeira, elas queriam levantar sua bandeira, e que ela fosse vista.

    Tudo isso sem ao menos falar da qualidade musical das apresentações que banharam Woodstock. Diversos artistas realizaram performances históricas, como Jimi Hendrix; The Who; Janis Joplin; Jefferson Airplane; Joe Cocker; Santana... Enfim, a lista completa (inclusive com repertório) dos artistas que se apresentaram, está disponibilizada no wikipedia, além de muito mais informação (o link que coloquei é o do wikipedia em inglês, aqui está o em português, porém o em inglês é muito mais completo).

    Led Zeppelin, The Doors, Bob Dylan, Beatles, Frank Zappa, entre muitos outros grupos e artistas recusaram convite para tocar em Woodstock, e acabaram deixando de fazer parte de um festival histórico. Os organizadores os contataram, porém cada um deles teve sua razão para recusar. Achei curiosa (no mínimo) a razão pela qual os Beatles acabaram não tocando: contatado pelos organizadores, John Lennon disse que não tocaria a não ser que deixassem a Plastic Ono Band, banda de Yoko Ono (também nunca ouvi falar) tocar. Os organizadores, felizmente ou infelizmente, recusaram a "oferta".

    Certamente existe um imenso acervo de histórias que nasceram no festival de Woodstock de 1969. Para que quiser conhecer mais, há um aclamado documentário produzido por Michael Wadleigh intitulado Woodstock. O filme, inclusive, faturou o Oscar de "melhor documentário" em 1971.

    sábado, 18 de outubro de 2008

    Festivais - Monterey Pop


    Os grandes festivais de rock, que atualmente são tão comuns, têm sua origem e tomaram a forma como os conhecemos hoje justamente durante a década de sessenta. A adesão dos jovens (nem só deles) à música rock (que começara, de fato, a se firmar) era tão grande que alguém teve a brilhante idéia de juntar, num só evento, os principais e maiores nomes da música a um público ávido que chegava facilmente a centenas de milhares de pessoas. Diversos festivais dessa época ficaram para a história - e não apenas para a história da música. A quebra de conceitos representada por aquela nova concepção de música simbolizava um clamor por mudança gritado pela juventude. Muitos dos festivais eram, além de celebração e diversão, um veemente protesto contra as amarras sociais; simbolizavam libertação, um brado pelo fim das guerras, pelo fim da intolerância, por "paz e amor", expressão que acabou por se tornar um verdadeiro slogan da época .
    Dentre os tantos festivais que se proliferavam na década de sessenta quanto mais ela chegava ao seu fim, alguns se despontaram e são comentados e lembrados com nostalgia até os dias de hoje. Este simpático texto de Toninho Buda, aliás, aponta a importância dos festivais de rock, cujo padrão espacial inclusive influenciou o padrão de diversos eventos religiosos ou políticos. Vou falar, neste post e nos próximos, sobre três dos mais influentes e importantes festivais da década de 60: O Monterey Pop Festival; o festival de Woodstock e o Altamont Free Concert.

    MONTEREY POP FESTIVAL (1967)

    Pôster de divulgação do Monterey Pop Festival


    O Monterey Pop Festival aconteceu em 1967, em Monterey, Califórnia, e foi pioneiro em vários aspectos. Foi o primeiro festival de rock a ser, de fato, amplamente divulgado e a atrair um público gigantesco - cerca de 200,000 pessoas no total (o festival durou três dias). Na realidade, há controvérsias quanto a esse número, já que, segundo Lou Adler, um dos realizadores do festival, a capacidade do local era de 10.000 pessoas, porém em determinado momento eles teriam retirado as cercas e aberto para quem estivesse ali, mas enfim... Foi também no Monterey Pop que Jimi Hendrix - indicado por Paul Mccartney, que já tinha se impressionado ao vê-lo tocar na Inglaterra - e The Who tiveram sua primeira grande exposição nos EUA; e foi lá que Janis Joplin, com sua Big Brother and the Holding Company, fez sua primeira apresentação para um grande público. O local em que houve o festival já era conhecido como "point" de festivais de música, pois já havia o "Monterey Jazz Festival" e o "Monterey Folk Festival". Uma das intenções dos realizadores do Monterey Pop foi validar a música rock como arte, como a música jazz e folk já eram valorizadas. Os diversos artistas que se apresentaram no festival, a exceção de Ravi Shankar, o fizeram de graça, com toda a renda sendo revertida para caridade.

    O Monterey Pop Festival foi, na verdade, o primeiro grande festival de rock que houve. Foi deste festival, aliás, o palco da lendária apresentação de Jimi Hendrix que, além de o consagrar perante um grande público, ficou famosa por culminar com ele inflamando a sua guitarra num ato que ensadeceu a platéia:







    Aqui está a relação completa dos artistas que se apresentaram:


    Sexta-feira, 16 de junho:
    The Association
    The Paupers
    Lou Rawls
    Beverly
    Johnny Rivers
    Eric Burdon & The Animals
    Simon and Garfunkel

    Sábado, 17 de junho
    Canned Heat
    Big Brother and the Holding Company Country Joe and the Fish
    Al Kooper
    The Electric Flag
    Quicksilver Messenger Service
    Steve Miller Band
    The Electric Flag
    Moby Grape
    Hugh Masekela
    The Byrds
    Laura Nyro
    Jefferson Airplane
    Booker T. & the MG's
    Otis Redding


    Domingo, 18 de junho

    Ravi Shankar
    The Blues Project
    Big Brother and the Holding Company
    The Group With No Name
    Buffalo Springfield
    The Who
    The Jimi Hendrix Experience
    Grateful Dead
    Scott McKenzie
    The Mamas & The Papas


    Algumas curiosidades, retiradas deste site:



    • Ravi Shankar, antes de sua apresentação estava nervoso, pois o público não havia sido muito amável com artistas que não cantavam rock (Laura Nyro deixou o palco em lágrimas, um dia antes). Porém, Shankar, com sua cítara, manteve o público cativo durante mais de três horas, acompanhando sua apresentação numa reverência quase mística. Suas ragas indianas, adequadas àquele momento mágico, deixaram a platéia hipnotizada.

    • O Big Brother (banda de Janis) atrapalhou-se um pouco com toda a tecnologia de palco, até então desconhecida por eles, porém, Janis, cantando o clássico "Ball and Chain", batia os pés, gritava, gemia, sacudia o corpo e incendiava o ar.


    • Jimi Hendrix foi chamado para tocar em Monterey por indicação de Paul McCartney, que tinha lhe visto tocando e ficara impressionado.


    • Peter Townsend (The Who) e Jimi Hendrix discutiram nos bastidores. A briga era pra saber quem iria tocar primeiro. Decidiram jogando uma moeda e o Who ganhou a vez. A apresentação do The Who foi uma explosão de som e fúria. Townsend destruindo sua guitarra, os amplificadores, o palco, deixando a platéia em delírio.


    • Jimi Hendrix subiu ao palco logo depois do The Who, superando o grupo em impacto e violência. Hendrix toca sua guitarra nas costas e com os dentes. No final, joga-a no chão, ajoelha-se e a encharca com fluido de isqueiro. Um fósforo e a chama se ergue, consumindo a guitarra, que ainda urra e geme suas últimas notas, a todo volume, através dos amplificadores, até se transformar em cinzas.



    • Em Monterey, foi a última apresentação do The Byrds com David Crosby, que logo depois deixou o grupo.

    Para quem quiser se aprofundar mais, há um excelente documentário, dirigido por D. A. Pennebaker. Boa também esta entrevista feita com Lou Adler (um dos criadores do festival) no ano passado, quando o Monterey Pop comemorou quarento anos.

    quarta-feira, 8 de outubro de 2008

    Santana Pastor

    Santana declarou que quer abandonar a música para ser pastor. Agora com 61 anos, o lendário guitarrista afirmou que, em alguns anos, pretende se dedicar integralmente a atividades religiosas. "Vou parar de tocar quando fizer 67 anos e trabalhar com algo que realmente gosto, que é ser um pastor, igual ao Little Richard", afirmou o músico, famoso também por seus esoterismos e misticismos.
    Santana nasceu no México, mas foi morar nos EUA aos 13 anos. Se apaixonou desde cedo por blues e rock - e por guitarra, instrumento pelo qual se firmou - e foi um dos pioneiros a misturar o blues e o rock com ritmos latinos. Carlos Santana e sua banda, que leva seu próprio nome, foram provavelmente a maior revelação do lendário festival de Woodstock, em 1969. Antes, Santana era conhecido apenas aqui ou ali, e principalmente nos arredores de São Francisco, mas Bill Graham, então agente do grupo, convenceu os organizadores do festival a deixá-los tocar antes mesmo de terem lançado seu primeiro disco; eles foram uma das "surpresas" do festival.
    Santana admitiu, nesta entrevista, que estava sob efeito de LSD quando tocou. "O braço da guitarra parecia uma serpente elétrica, que não queria ficar parada. Por isso eu estou fazendo todas essas caras feias, tentando fazer a serpente ficar parada, para eu poder tocá-la (...) Eu me lembro que fiquei repetindo pra mim mesmo: 'Deus, eu nunca vou fazer isso de novo, se você ao menos puder me manter no tempo e no tom, é tudo que eu peço'. Esse foi meu primeiro mantra: 'Deus, por favor, eu prometo que nunca vou fazer isso de novo. Nunca vou tomar isso de novo.' (...) Foi assutador. Eu achei que só entraria no palco tipo umas duas horas depois, que já estaria legal. (...) Eu não recomendaria para ninguém subir no palco chapado de LSD e tentar tocar... mas, pela graça de Deus, a performance que conseguimos com Soul Sacrifice foi muito elétrica"
    Bom... o resto é história; Santana alvoroçou o estuporado público de Woodstock com sua Soul Sacrifice:


    sábado, 4 de outubro de 2008

    Lembrança


    4 de Outubro: Aniversário de morte de Janis Joplin.
    A mais notória intérprete da década de 60, transformada num verdadeiro mito, numa lenda, certamente dispensa maiores apresentações.
    Este post, na verdade, é uma modesta tentativa de homenagem (ou ao menos de lembrete) à diva cuja morte com certeza entristeceu muita gente nesta mesma data em 1970. Apesar de tão prematura morte (ela tinha apenas 27 anos), Janis ainda vive, e vive muito. Incrível como ainda hoje ela compartilha essa vida com seus incalculáveis fãs nostálgicos, que surpreendemente pertencem a todas as idades e gerações. Certas coisas não se perdem mesmo.
    Enfim...
    Um vídeo de uma performance que, analisando parcialmente, é fenomenal:



    quarta-feira, 1 de outubro de 2008

    Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band

    O álbum "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band," lançado pelos Beatles em 1967, já está acostumado a ocupar o primeiro lugar (ou, no mínimo, os três primeiros) das "listas" que as mídias voltadas para os consumidores do rock, ou do cinema, por exemplo, fazem com tanta frequência. São aquelas listas do tipo: "Os melhores álbums de rock da história"; um tipo de classificação em que a diferença entre o 33° e o 34° colocados costuma ser tão evidente quanto a própria consistência da lista.
    A década de sessenta assitiu a tantos artistas se destacarem, que seria impossível classificar imparcialmente qualquer um deles como sendo o "melhor". Porém, talvez não haja dúvidas de que os Beatles foram o mais influente grupo musical, não só dos anos sessenta, mas de todo o século vinte. E a questão sobre o álbum Sgt. Pepper's é muito parecida. O que importa não é se o álbum é o "melhor" que os Beatles já lançaram, ou o "melhor" da história do Rock, o que importa é que Sgt. Pepper's é um disco que revolucionou o contexto e cenário musical da época; expandiu definitivamente as fronteiras da música.
    O álbum foi gravado em 129 dias e inovou em vários aspectos; nas técnicas de gravação, na formulação da capa, na sonoridade... E prinicipalmente no conceito, até então inédito no rock, de um álbum não ser formado apenas por canções independentes umas das outras. Não havia intervalo entre as canções, o álbum foi feito para ser, ele inteiro, uma obra só. E a repercussão do lançamento do disco no cenário musical da época foi imediata. Vários artistas buscaram fazer o "seu próprio Sgt. Pepper's" depois do Sgt. Pepper's dos Beatles, como aponta um texto de Luís Pinheiro de Almeida:
    "Poucas horas depois de o álbum (Sgt. Pepper's) ter sido publicado, Jimi Hendrix tocou uns acordes da canção-título num concerto, o que deixou Paul McCartney extremamente emocionado. Frank Zappa, outro monstro sagrado da música, editou em 1968 'We're Only In It For The Money' com uma capa imitando a de 'Sgt Pepper' e os Rolling Stones tentaram, ainda em 1967, fazer o 'seu Sgt. Pepper' com 'Their Satanic Majesties Request'. (...) Outros músicos tiveram o 'seu Sgt. Pepper', como os Zombies, 'Odessey & Oracle' (1968), Creedence Clearwater Revival, 'Willy & The Poor Boys' (1969), Prince, 'Around The World In A Day' (1985), Tears For Fears, 'Sowing the Seeds of Love' (1989), Smashinh Pumpkins, 'Mellon Collie & The Infinite Sadness' (1995, Radiohead, 'OK Computer' (1997), Oasis, 'Be Here Now' (1997), Flaming Lips,'The Soft Bulletin' (1999)". (Trecho retirado de texto publicado no site http://thebeatles.com.br/)

    No ano passado, Sgt. Pepper's fez aniversário de quarenta anos. Confiram (é muita pretensão esse "confiram"?) a reportagem feita pelo Jornal da Globo na época:







    O que inspirou o título deste blog , aliás, foi justamente uma das músicas mais psicodélicas do Sgt. Pepper's , "Lucy In the Sky With Diamonds" (Lucy no céu com Diamantes). Na época, a óbvia alusão das iniciais LSD causou polêmica, já que John Lennon, autor da canção, negou a referância à droga ilícita e alegou que a inspiração veio de um desenho de seu filho Julian. No desenho, uma amiga de Julian chamada Lucy passeava por um céu cheio de diamantes.




    Vídeo raro (se bem que, se está no youtube, não é mais tão raro assim) de um promo original lançado pela Apple na época do lançamento do disco. Feito em Stop-motion, faz uma espécie de viagem pela capa de Sgt. Pepper's.




    "Lucy In The Sky With Diamonds" em trecho do filme "Yellow Submarine".

    Infelizmente, os Beatles nunca chegaram a tocar o álbum em alguma apresentação ao vivo, mas a influência de Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band na música Ocidental do século XX é, realmente, incalculável.
    Diversas paródias (ou homenagens) foram feitas da capa, que se tornou uma das mais famosas capas de disco da história da música:


    Em 1996, o episódio número 158 dos Simpsons homenageava o Sgt. Pepper's




    Capa de "We're Only In It For The Money", álbum de Frank Zappa de 1968


    Zé Ramalho também garantiu sua homenagem, na capa do álbum "Nação Nordestina"

    Versão "bloggers brasileiros " da capa

    segunda-feira, 29 de setembro de 2008

    A Revolução Conceitual (Apresentação do Blog)

    A década de 1960 sempre foi vítima de saudáveis nostalgias por grande parte da juventude dos tempos que a sucederam. E, geralmente, os que exprimem essa nostalgia são justamente os que nutrem uma paixão, que às vezes chega a ser quase um culto, por um gênero que sofreu suas maiores e mais importantes transformações exatamente nos chamados "anos dourados": o Rock. A música Rock, surgida nos EUA na década de 1950, rapidamente se disseminou pelo ocidente inteiro - e não muito depois, para todos os cantos do mundo. Motivos econômicos, ja que os EUA já eram o país mais rico do mundo à época, e ainda de imposição cultural podem ser alegados para justificar, e criticar, essa disseminação do Rock pelo mundo; mas a verdade é que nada disso importa tanto, não diminui o valor artístico de nada. Nesse aspecto, foi até bom, já que todos pudemos ter acesso a um estilo de música tão revolucionário. Um dos méritos do rock norte-americano, aliás, é justamente o de criticar o modo como os EUA utilizam sua soberania econômica apenas em prol de si mesmo.



    A década de 1960 foi palco de algumas das mais efetivas tentativas de ruptura com as antiquadas convenções sociais (e acabou por criar outras, mas essa é outra história) que houve no século XX no ocidente. E a revolução que ocorreu na música nesse período estava intrinsecamente ligada, talvez como nunca antes, às revoluções comportamentais de toda uma geração. É nessa época que o rock incorpora, com força total, as idéias de liberdade, de transgressão, de contestação das injustiças sociais, de combate ao racismo e às guerras, do clamor pela paz e da adoção de práticas (como consumo de drogas ou o chamado "amor livre") que não eram tidas como "aceitáveis" pela sociedade. É nesse contexto, também, que surgem os grandes festivais e o movimento hippie, por exemplo. O rock, na verdade, desde sua concepção já quebrou barreiras até então não quebradas, já que se origina basicamente, nos EUA, da mistura entre influências de música negra - o rythm 'n blues e o jazz - e o country, música tocada pelos camponeses brancos. Vale lembrar que a segregação racial nos EUA nessa época era tamanha que misturas assim eram praticamente inconcebíveis.




    A ativa participação da música e cultura rock nas revoluções comportamentais se acoplou à uma transformação conceitual do rock como música. Se antes o rock era representado por canções estruturalmente simples, num ritmo sempre dançante, ligado a festas e celebrações e com letras não muito ambiciosas, tudo isto é completamente desconstruído ao longo da década de 60. Experimentação musical, busca por sonoridades inusitadas e letras artisticamente mais elaboradas tomam conta da cena do rock. Ao fim da década de 1960, o patamar de diversidade e complexidade musical em que o rock está, se comparado com o final da década anterior, é gritante. Depois daquilo, nada mais podia ser novidade; ou, pelo menos,nada podia ser tão novidade assim.







    Este blog vai tentar se infiltrar pelas trincheiras desse fabuloso mundo que é o da música dos anos sessenta, que tanto influencia os tempos modernos. É um mundo repleto de lendas, mitos, grandes personalidades e fantásticas histórias, mas, acima de tudo, música, muita música. O foco vai ser mesmo o rock, porém outros estilos da época certamente terão espaço, especialmente a música brasileira; com algum destaque para o tropicalismo e, é claro, o rock brasileiro, cuja "cara" começava a se formar justamente nessa época.